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Dia Mundial da Osteoporose: porque ainda esperamos pela fratura?

Dra. Sofia Duque

A osteoporose é uma doença que, como o nome indica, se caracteriza pela fragilização do osso que fica poroso e vulnerável à ocorrência de fraturas, sem que haja necessariamente um traumatismo valorizável.

A perda de massa óssea inicia-se aos 35-40 anos, de forma mais acentuada e precoce nas mulheres devido aos fatores hormonais. É depois da menopausa que as mulheres desenvolvem osteoporose, estando por isso recomendado o rastreio a partir dos 65 anos. No entanto, os homens também podem ter esta doença, devendo ser rastreados a partir dos 70 anos.

O rastreio pode ser feito através da aplicação de ferramentas de avaliação do risco e/ou da realização da densitometria óssea. De facto, a osteoporose é uma doença que maioritariamente afeta as pessoas mais velhas, e em especial as mulheres.

São vários os fatores de risco que acentuam e aceleram a perda de massa óssea tais como o tabaco, o álcool, o sedentarismo, a medicação crónica com cortisona ou outros medicamentos, a ingestão reduzida de cálcio, a falta de estrogénios como acontece na menopausa precoce, o baixo peso, a reduzida exposição solar, sem esquecer a doença tiroideia e a diabetes, várias doenças inflamatórias, a doença renal e hepática crónica. A presença de fatores de risco poderá justificar que o rastreio seja feito mais precocemente.

Durante cerca de 5 anos a trabalhar quase em exclusivo com doentes idosos, vítimas de fraturas ósseas, deparei-me com uma realidade dolorosa e alarmante: a maioria desses doentes nunca fizera rastreio da osteoporose, e como tal, nunca beneficiara de tratamento para a mesma. Isto, apesar de apresentarem vários fatores de risco para a doença e para a ocorrência de quedas.

Uma queda fortuita, numa pessoa com ossos fragilizados, é o “rastilho” para a ocorrência de uma fratura, a qual pode levar ao internamento hospitalar, à necessidade de cirurgia, à perda da capacidade de marcha, à imobilidade e confinamento ao leito, à incapacidade para realizar as atividades do dia-a-dia, à dor intensa, à perda da autonomia para viver sozinho e culminando muitas vezes na institucionalização.

Pessoas totalmente autónomas podem num ápice ver a sua vida literalmente de “pernas para o ar”. Pensei muitas vezes: “se esta pessoa tivesse feito uma densitometria, talvez pudesse ter recebido o tratamento adequado e talvez não tivesse tido esta fratura”, condição que naquele momento a colocava em risco de perder a sua autonomia e dignidade, se não mesmo a sua vida.

Sobre tratamento, não pensamos só em medicamentos, mas também em nutrientes e vitaminas, como o cálcio, a vitamina D e as proteínas, que podem ser suplementados. Mais importante ainda, o tratamento deve incluir atividade física, incluindo exercício de carga que “estimulem” o osso. As intervenções nutricionais e físicas desempenham também um papel fundamental na prevenção da osteoporose, sem esquecer a suspensão tabágica e do álcool.

A importância do rastreio da osteoporose assenta essencialmente no facto de ser uma doença silenciosa…Quando a osteoporose se torna “visível”, já a doença está avançada e com consequências irreversíveis, sejam elas as fraturas do fémur ou do braço por trauma ligeiro, ou a alteração da conformação da coluna, que fica curvada, devido ao surgimento de fraturas espontâneas nas vértebras, estas aliás muito dolorosas e incapacitantes.

Perante este cenário, é legítimo perguntar: Vai esperar pela fratura para diagnosticar a osteoporose?! Assim, se tem mais de 65 anos ou reúne fatores de risco para osteoporose peça ao seu médico para fazer o rastreio da osteoporose. O tratamento precoce evitará uma cascata de eventos indesejáveis!

*Os textos nesta noticia refletem a opinião pessoal dos autores.
Não representam a Ossos fortes.

Fonte/Original: https://activa.pt/saude/2022-10-20-dia-mundial-da-osteoporose-porque-ainda-esperamos-pela-fratura/

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