As fraturas osteoporóticas podem causar efeitos devastadores na sobrevida, função e na qualidade de vida da população.
O “pico” da massa óssea é atingido entre os 18 e os 25 anos, mas as fraturas osteoporóticas podem ocorrer logo, a partir dos 55.
Ocorrem em Portugal, todos os anos, cerca de 52 000 fraturas de fragilidade. Esperam-se gastos superiores a 717 milhões de euros em 2025. Apenas 14% das mulheres com mais de 65 anos que sofreram estas fraturas receberam tratamento para a Osteoporose.
Com a população a envelhecer, estas fraturas vão sendo cada vez mais frequentes.
Consideram-se situações de risco individual a idade superior a 65 anos, o género feminino, o baixo peso, a história prévia de fratura, as quedas frequentes, os hábitos tabágicos e alcoólicos e ainda a ocorrência de doenças reumatológicas entre outras.
Outros fatores podem ainda influenciar tais como a história familiar de fraturas da anca, os hábitos alimentares, a exposição solar, a prática de exercício e a presença de obstáculos externos que favoreçam as quedas.
Locais mais frequentes da fratura óssea
Os locais mais frequentes de fratura são o rádio, a anca, o úmero e a coluna vertebral. Esta última é muitas vezes silenciosa, pode não ocorrer por queda e pode ser um dos primeiros sinais desta patologia. Temos também verificado a presença de fraturas do tornozelo, por vezes complexas, causadas por pequenos traumas, e que estão também, associadas à presença de Osteoporose. Estas fraturas podem ainda ocorrer menos frequentemente noutros locais tais como costelas, clavícula e cotovelo.
Uma fratura do rádio, pode ser tratada de forma conservadora (imobilização gessada) ou através de cirurgia. Num ou noutro caso, é previsível uma diminuição da função do membro, pelo menos por 2 meses. O mesmo acontece com a fratura do úmero. Com ou sem cirurgia a dificuldade em realizar as suas tarefas habituais pode ser ainda mais prolongada. Já a fratura da anca é sempre cirúrgica se o doente tiver condições para a cirurgia. Aqui, a dependência de terceiros é claramente maior para praticamente todas as tarefas que vão da higiene à alimentação. Até a marcha é condicionada, pois obriga ao uso de apoio externo (canadianas) por períodos variáveis conforme o tipo de cirurgia realizada e as condições do doente.
Já a fratura vertebral terá um tratamento iminentemente conservador, mas não se podem excluir tratamentos cirúrgicos em algumas situações. Um deles é o recurso à vertebroplastia percutânea, muito eficaz para evitar aumento da deformidade vertebral e diminuir a dor.
Prevenção da reincidência de fraturas
O que é muito importante assinalar é o facto de que, num indivíduo com osteoporose que sofreu uma fratura, tem um alto risco de sofrer nova fratura no espaço de 1 ou 2 anos. Por isso, a prevenção é de primordial importância.
Se ocorreu uma fratura vertebral, do rádio ou da anca num indivíduo com mais de 65 anos, a situação clínica deveria ser sempre avaliada num contexto multidisciplinar e ser orientado para uma consulta de prevenção e tratamento da Osteoporose, como acontece nas consultas FLS (Frature Liaison Service).
Uma fratura, pode significar um declínio da independência, ter de usar apoios de marcha, cadeiras de rodas, mudar de residência e deixar de participar nas suas atividades favoritas. Por isso é muito importante conhecer, prevenir e sobretudo, se uma fratura ocorrer, é muito importante recorrer à ajuda de profissionais para evitar que nova fratura ocorra. Isto pode significar tratamentos específicos e alterações de hábitos como os alimentares, a prática de exercício físico entre outros.
As alternativas terapêuticas para tratar a Osteoporose são muitas vezes simples e eficazes. Se simultaneamente houver cuidados na ingestão de alimentos ricos em cálcio, várias vitaminas, boa exposição ao sol e a prática de exercício físico, os resultados serão ainda melhores. Fundamental é iniciar o tratamento e não o abandonar.
Seria importante que os governantes aceitassem como prioridade a prevenção e o tratamento da Osteoporose e das fraturas Osteoporóticas face ao seu impacto na sociedade e na saúde pública. No entanto, tudo pode começar em cada um de nós e na consciência da população para lidar com este problema.
António José Miranda, Diretor do Serviço de Ortopedia da ULSEDV, Coordenador da consulta FLS da ULSEDV, Presidente da FFN -Portugal, Presidente da SEOGER da SPOT, Membro da Direção da SPODOM