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Treino de força: Uma poderosa ferramenta na prevenção e tratamento da osteoporose

Prof. Dinis Anastácio

Em todo o mundo, cerca de 200 milhões de mulheres sofrem de osteoporose. Em Portugal, uma em cada três mulheres com mais de 50 anos sofre desta doença. Segundo dados apurados, cerca de 12.2% da população portuguesa sofre de osteoporose, sendo que na população feminina são cerca de 17% e na masculina 2.6%.

A osteoporose pressupõe maior risco de fraturas, quer associadas a quedas, bem como fraturas espontâneas que podem ocorrer com um movimento mais brusco do corpo e até mesmo com um espirro ou tosse. Em Portugal apenas, contabilizam-se cerca de 40.000 fracturas osteoporóticas por ano, o que tem um impacto enorme na qualidade de vida de milhares de portugueses.

A quantidade máxima de massa óssea é adquirida entre os 20 e os 30 anos de idade. A partir dos 40 ou 45 anos, a massa óssea vai diminuindo de forma contínua em ambos os sexos, com a particularidade que, no caso das mulheres, devido à complexidade do sistema hormonal feminino em situações tais como a gravidez ou a menopausa, diminui de forma mais abrupta colocando-as numa posição de maior risco de incidência de osteoporose.

Associada à osteoporose está a sarcopenia, doença caraterizada pela perda acentuada de massa muscular e consequentemente diminuição de força. A sarcopenia tem maior expressão a partir dos 50 anos, mas pode ser prevenida ou atenuada com o estímulo direto da contração muscular. Devemos assim procurar realizar atividades que promovam a ativação das fibras musculares tipo II ( potência ), transmitindo força aos tendões, que tencionam os ossos e assim promovem os vários movimentos do corpo humano. As fibras musculares tipo II não são suficientemente estimuladas na grande maioria dos movimentos da vida diária, associados a estímulos de contrações mais lentas e repetitivas e ao sedentarismo.

A partir dos 40 ou 45 anos, a massa óssea vai diminuindo de forma contínua em ambos os sexos
Foto Pexels/Andrea Piacquadio


As contrações musculares mais rápidas e vigorosas representam um estímulo de tração e impacto sobre os ossos, fator este muito importante no processo de osteogensese (formação de massa óssea), pelo que neste sentido, considero a utilização do treino de força associado a atividades de impacto como, a mais importante ferramenta na prevenção e no tratamento da osteoporose.
O treino de força promove uma otimização do sistema cardiovascular melhorando assim a circulação sanguínea e o aporte dos vários iões, minerais e outros nutrientes essenciais à manutenção da massa muscular e da densidade mineral óssea.

Mulheres com pouca massa muscular normalmente tem baixa densidade mineral óssea, enquanto mulheres com mais massa muscular normalmente possuem ossos mais fortes. Por esse motivo, para alcançar resultados mais significativos, quer na prevenção, quer no tratamento, deverá sempre que possível dar-se prevalência ao treino de força com cargas elevadas, a uma intensidade também elevada, mas também é possível obter resultados com cargas menores, desde que a intensidade seja elevada (próxima da fadiga). Promovendo assim, um estímulo mais eficaz sobre os ossos comparativamente ao treino aeróbio (caminhada, natação ou bicicleta). Isso deve-se ao fato de que a força de carga de baixo impacto aplicada no treino aeróbio não provoca cargas de magnitude, taxa ou distribuição suficiente para estimular as células ósseas e a levar a uma resposta esquelética adaptativa. Assumindo-se assim como uma estratégia terapêutica promissora para enfrentar a perda de massa mineral óssea e muscular devido à osteosarcopenia.

Sabemos ainda que, em idades mais avançadas, a existência de comorbilidades, nomeadamente metabólicas e/ou cardiovasculares, aumenta a dificuldade da prescrição para o exercício físico e o risco de eventos que podem comprometer a vida dos indivíduos. Deste modo, o correto diagnóstico da osteoporose bem como a estratificação de outros fatores de risco servirá de base para uma adequada prescrição de exercício físico.
Esta prescrição deverá ser realizada apenas por Fisiologistas do Exercício (profissionais licenciados em Educação Física e Desporto ou Ciências do Desporto e com especialização em exercício e saúde) que, preferencialmente, deverão supervisionar e monitorizar as sessões de treino, para garantir quer a segurança quer a correta execução dos exercícios e otimizar os resultados.

*Os textos nesta noticia refletem a opinião pessoal dos autores.
Não representam a Ossos fortes.

Fonte/Original: https://activa.pt/diz-quem-sabe/2023-05-18-treino-de-forca-uma-poderosa-ferramenta-na-prevencao-e-tratamento-da-osteoporose/

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